O Quixote do Judeu: um breve olhar sobre a comédia “Vida do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança”, de Antônio José da Silva

Autor(es): 
Kênia Maria de Almeida Pereira

Peça escrita em 1733, A vida de Dom Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança subiu aos palcos de Lisboa, no popular Bairro Alto, para alegria de um público ávido pelas brincadeiras e barafundas do então já conhecido e estimado Antônio José, mais popularmente chamado de “o Judeu”. Suas comédias populares eram encenadas por meio de bonifrates de cortiça, confeccionados por ele mesmo. Muitas das cenas e diálogos que aparecem nesta peça são críticas à famigerada Inquisição e também denúncias de um sistema político-social degradante que imperava em Portugal no século XVIII. Perseguido pela Inquisição, Antônio José morreu queimado em um Auto de fé. Ao longo da peça, num misto de cenas ora faladas ora cantadas, o leitor irá se deparar com algumas árias, coros e minuetos. Afinal, trata-se de uma opereta joco-séria, representada por grandes bonecos articulados de cortiça, a qual dialoga tanto com a ópera bufa italiana como com as zarzuelas espanholas.